A construção de um habitar coletivo deve buscar, antes de tudo, instituir como princípio uma noção de vizinhança urbana: um lugar de encontro compartilhado como patrimônio e símbolo da convivência amistosa e do fundamental respeito em relação ao outro. Na Vila Y o que potencializa isso ainda mais é o fato de abrigar – como uma pequena comunidade – uma família completa: os pais de idade avançada mais seus três filhos, cada um com suas respectivas e distintas configurações familiares. Assim, unimos essas quatro ‘casas’ a partir da qualidade dos espaços desejados entre elas: um térreo que se revela como praça de encontros familiares, intervalos que preservam a luz, a ventilação e a privacidade adequadas – mas ainda permitindo uma interação direta entre seus moradores em suas varandas interiores, além do terraço coletivo em sua cobertura. As unidades são todas pensadas segundo um sistema flexível que define faixas de serviço estritas numa planta inteiramente livre a ser organizada por cada família segundo suas variadas necessidades – presentes e futuras. Assim, adotamos uma materialidade modular, leve e racional, alternando entre a expressão mais cálida da madeira em seu interior e a mais urbana nas superfícies de metal e policarbonato. Frente a uma cidade onde temos o predomínio de grandes e ordinários conjuntos imobiliários, é esse um modelo arquitetônico a ser impulsionado como agente de integração dos afetos de seus habitantes e onde possam compartilhar salutarmente suas rotinas de vida.