A realização do Condomínio Vila dos Mellos é uma oportunidade de construção de um novo modo de vida. Não apenas pelo seu caráter inovador, mas também – e principalmente – pela postura respeitosa para com valores essenciais de como podemos viver e conviver em nossa contemporaneidade. A sua identificação com o meio natural, as possíveis interações a serem geradas entre seus habitantes e os valores a serem alcançados a partir daquilo que é material e construído devem ser todos resultado de uma sensibilidade latente dos seres humanos e do meio que compartilham. Sendo assim, a arquitetura ali presente deve, além de revelar, também ser definida por estes mesmos princípios. O sentido fundamental proveniente do encontro entre inovação e tradição é imprescindível para que se consolide esse futuro lugar.

Um sentido de Paisagem: Nosso projeto busca compreender a expressão arquitetônica não como uma edificação figurativa (uma casa expressa como uma casa), mas como um artefato vivo (uma casa como a expressão de um diálogo) que, para além de sua função primária de habitat, seja também capaz construir um sentido que a coloca num patamar de integração dinâmica – ora evidente, ora amalgamada – com a paisagem que tem ao seu redor. O lugar, a vegetação, a montanha e o clima, definem a maneira que construímos um abrigo nesse dado contexto e são responsáveis por definirem a forma de uma presença nessa mesma paisagem que, para nós, deve ser simultaneamente discreta e potente. A presença humana passa a ser reconhecida não pela literalidade das formas, mas pela força e pela diligência de sua matéria.

Um sentido de Arquitetura: Com isso, a Arquitetura passa a fazer uso de aparatos tradicionais e inteligentes necessários para unidades compactas como essa. Primeiro, definimos uma construção caracterizada por uma concepção espacial complexa e versátil e não por um ‘monovolume’ agressivo. É essa concepção que permite relações – interiores e exteriores – mais ricas com a paisagem e dentro de seus espaços programáticos. Além disso, essa construção em módulos parciais, permite uma acomodação mais equilibrada e adaptável a vários tipos de terrenos (dos planos aos poucos ou muito inclinados), sem excessos ou prejuízos de qualquer das qualidades apontadas. Junto a isso, considerando a natural diferença entre os inúmeros terrenos, a arquitetura passa a revelar essas especificidades ainda que dentro de um mesmo modelo.

Um sentido de Tecnologia: Aqui, a tradição se realiza em como tocamos materialmente essa paisagem física: nada melhor do que aprendermos com o vernacular sobre maneiras mais respeitosas e hábeis de se acomodar edificações em paisagens dessa natureza. As bases de pedra inauguram a construção com adaptações leves da topografia e definem um promontório resistente para a construção leve que virá a seguir. Além disso, seu volume garante o privilégio das vistas que devem participar desse habitat. O volume que se sobrepõe é caracterizado pela inovação permitida pelas tecnologias industriais com modulações padrões, bem como tamanhos que possam ser executadas com facilidade e até mesmo transportados em sua integridade, minimizando em muito a necessidade de obras no sítio. Desse modo, a flexibilidade da arquitetura se dá tanto na ocupação de seus espaços, mas também na proposta construtiva: primeiro em como é executada, depois por suas propriedades técnicas (isolamentos térmicos, resistência, instalações integradas, fachadas ventiladas, opções de revestimentos externos e internos, recursos de ecoeficiência) e, por fim, pelo controle de seus recursos (painéis retráteis, aberturas controláveis, espaços abertos), que podem ser manipulados de acordo com o uso e a necessidade de seus habitantes.

Um sentido de Comunidade: Diante disso, é essa uma ocasião para que se construa um conjunto perene de ideais comunitários, não apenas dos que se referem a nós, mas também daquilo que possuímos ao nosso redor e que deve ser sumariamente respeitado. Através de seu desenho e sua forma, a arquitetura pode se traduzir num potente instrumento de concretização de um morar coletivo, uma nova cultura e um novo habitat, onde nós, para além da aparência, façamos efetivamente parte de um todo maior.

Implantação

A implantação dos módulos serão definidas junto com cada cliente, considerando as melhores condições para sua acomodação na topografia, visuais da paisagem, necessidade de espaços externos como terraços e mirantes, espaçamento entre vizinhos, podendo inclusive se estabelecer como mais de uma construção no terreno.

Modulação

As unidades poderão se compor de acordo com as necessidades de cada cliente, variando em tamanho, quantidade de ambientes e organização deles, bem como de seus terraços e áreas externas. As configurações apresentadas são apenas exemplos do sistema modular que pode se aplicar a áreas inclusive maiores das que aqui especificadas.