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Novo Edifício Rio Branco da Porto Seguro


Diante da importância da instituição abrigada e de sua localização na cidade, o Novo Edifício Corretores Rio Branco, não poderia ser definido pela criação de uma simples construção, mas pela inauguração de um novo lugar. Assim, a proposta se estabelece primeiramente como um marco urbano na paisagem de São Paulo e, também, como um espaço capaz de acolher os seus cidadãos em generosos ambientes de convívio. Definido pela Avenida Rio Branco, Alameda Ribeiro da Silva e pelas construções vizinhas, o projeto propõe a criação de uma paisagem no interior do terreno, aproximando a cidade ao complexo da Porto Seguro e valorizando a história do bairro Campos Elísios.

Esta centralidade do espaço público se consolida na praça interna de grandes proporções que qualifica o espaço e seu entorno como uma paisagem definida pela pausa, pelo vazio, responsável por integrar e articular as intenções daqueles que por ela circulam: um espaço onde a cada um é apresentada a oportunidade do encontro. A praça é o lugar simbólico do conjunto, que a descobrem através de um expressivo percurso caminhando por baixo da grande lâmina horizontal que constitui o embasamento do edifício até alcançarem o espaço central. Nela se descobre uma variedade de espacialidades e impressões, um espaço lúdico trabalhado arquitetonicamente através da plasticidade de suas aberturas zenitais que trazem ao seu interior um espetáculo intenso e poético da presença da luz.

Criando a nova porta de entrada para o complexo, este eixo principal à Avenida Rio Branco se desenvolve pela nova praça, passando pelo edifício Guaianazes e culminando na praça elevada definida pelas edificações históricas. Refletindo as condições solicitadas, o edifício proposto gera a integração completa entre os edifícios bem como a articulação dos acessos e conexões de todo o complexo da Porto Seguro. Junto a isso, considerando a paisagem do centro paulistano e sua identidade reconhecida em suas construções, tornou-se fundamental revelar a presença da instituição em várias escalas. Primeiro na escala do pedestre, através do desenho de seu embasamento e praça de dimensões generosas. Depois na escala local, com a presença dos edifícios e de sua expressão arquitetônica. Por fim, na escala da cidade, através da criação de um marco vertical: um novo símbolo na Avenida Rio Branco e no skyline de São Paulo.

Surge uma arquitetura de grande força expressiva, uma volumetria simples e de fácil leitura, porém de materialidade digna, e de uma trabalhada composição de volumes na implantação, que integra o novo edifício ao contexto existente.  Utilizando materiais predominantemente reflexivos (aço, alumínio e vidro) o edifício se torna, primeiramente, um ponto de luz, um brilho difuso que remete a um evento em eterno movimento conforme a luz do dia e da noite. Uma arquitetura contemporânea que se relaciona com os funcionários ou visitantes de modo revelador e convidativo, considerando o individual e o coletivo, reflexo de um desígnio intrínseco à reconhecida instituição que ali se encontra, colaborando para conferir-lhe um grau ainda maior de excelência, como acontecimento perene: a arquitetura como geradora de cidade e do encontro de seus cidadãos.

Estudos | Fases

O projeto foi concebido através da elaboração de dois estudos: o primeiro adotando Potencial Construtivo Existente e o segundo o Potencial Construtivo da Operação Urbana - Lapa Braz. Considerando estas possibilidades de futuras mudanças de potenciais a favor de um maior aproveitamento das áreas, revelou-se fundamental que estes dois estudos também tivessem sua concepção pensada através de fases complementares. Desse modo, a execução do projeto apresentado poderia ser iniciada imediatamente, mantendo-se integralmente ao longo do processo de modificação dos potenciais. As possíveis fases a serem adotas seriam as seguintes:

Fase 1 - Caso sua construção se iniciasse hoje, o Estudo 1 se embasaria na adoção do coeficiente 2 de aproveitamento. Seriam realizados o embasamento e o edifício 1, situado na esquina da Avenida Rio Branco e Alameda Ribeiro da Silva.

Fase 2 - Esta fase poderia ser realizada junto à primeira e segundo a disponibilidade de outorga onerosa, elevando até 2.5 o coeficiente de aproveitamento. No entanto, caso isto venha a ser realizado posteriormente, o processo construtivo foi pensado para permitir o acréscimo de lajes nos vazios do edifício 1, aumentando sua superfície construída.

Fase 3 - Quando concretizada a Operação Urbana Lapa Braz esta fase permitiria atingir o coeficiente 4 de aproveitamento, índice máximo do terreno. Assim, poderia ser iniciada em sua totalidade caso fosse permitido hoje ou, nas sequências das fases anteriores, consistiria na construção do edifício 2, acoplando-se ao edifício 1 espacialmente e estruturalmente através de uma obra leve definida pelo uso de estrutura metálica.

Assim, foi almejada uma proposta que preservasse a importância da ideia de conjunto e linguagem de seu complexo de edifícios, e que, ao mesmo tempo, permitisse atender às necessidades imediatas da Porto Seguro, bem como suas futuras ampliações.

Construção | Instalações

O processo de construção do projeto se define por tecnologias e materiais de máxima industrialização, facilitando a execução e reduzindo aspectos econômicos significativos frente à escala do projeto. Este foi concebido com sistema construtivo misto: concreto armado no embasamento (Subsolos, Térreo e Edifício 1) e metálica (Edifício 2 e Coberturas). Os edifícios estão dimensionados para receber suas devidas instalações em forro, piso e shafts verticais, não prejudicando de nenhum modo a boa qualidade dos espaços. Em função do posicionamento dos pilares no perímetro das edificações, a estrutura permite uma grande flexibilidade para as áreas de trabalho. Os edifícios possuem fachadas e fechamentos em caixilhos de alumínio, além de brises e superfícies metálicas perfuradas (Edifício 1) e vidros serigrafados (Edifício 2) nas fachadas que requerem maior proteção contra insolação.  Para atender às condições climáticas extremas o edifício prevê instalações de ar-condicionado (sistema split/condensadores) baseado na economia, controle e flexibilidade.

Sustentabilidade | Conforto Ambiental

O uso de climatização no edifício torna-se complementar considerando que a própria proposta arquitetônica é capaz de manter os interiores em condições adequadas de conforto térmico por boa parte do ano, uma diretriz determinante para um projeto condizente com o clima local e caracterizado pela flexibilidade e controle de ventilação e iluminação naturais. Tirando partido do sistema estrutural e dos fechamentos, os espaços podem ser permanentemente ventilados e protegidos pelos brises reguláveis da fachada. Esse espaço semiexterior cria uma zona de transição térmica, amenizando os contrastes entre interior e exterior, podendo atender às exigências de ventilação variáveis ao longo do ano e de acordo com os usos internos.

A reutilização de águas servidas é feita através coleta na praça elevada e nas coberturas dos edifícios, sendo provida de tecnologia de tratamento e reserva no subsolo para sua devida reutilização. As coberturas também podem ser equipadas com painéis fotovoltaicos para geração de energia através da energia solar colabora para a autonomia energética do edifício.


Concurso Fechado para o Novo Edifício Corretores Rio Branco da Porto Seguro

Local: São Paulo, SP
Ano: 2013
Área do Terreno: 2.020m²
Área do Projeto (Fase 1): 4.040m²
Área do Projeto (Fase 2): 5.050m²
Área do Projeto (Fase 3): 8.080m²

Autores:
Daniel Corsi
Dani Hirano

Colaboradores:
André Ko, Anna Juni, Marina Nunes, Vinicius Vitoriano Barbosa

Renderizações:
Gabriel Farias (Planomotor)


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