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ISMO - Instituto Sulmineiro de Otorrinolaringologia


Quando as intenções de uma ação arquitetônica se estabelecem pela criação de um marco sutil na paisagem urbana, uma definição de uma nova identidade de um instituto de caráter público e o alcance do conforto térmico adequado de uma edificação, uma superfície – ou fachada – pode ser bem mais do que uma mera face da arquitetura. Pode ser todo o projeto. A intervenção na construção pré-existente, e então inacabada, da sede do ISMO (Instituto Sul Mineiro de Otorrinolaringologia) é o resultado de uma série de operações simples de projeto que buscaram melhorar a qualidade arquitetônica do edifício existente através do uso racional de um sistema construtivo econômico e eficiente, bem como estabelecer uma nova ordem simbólica com o seu contexto, tanto pelo viés de sua expressão como pela instauração do espaço público que lhe cabe como compromisso.

A retirada das fronteiras definidas pelos muros e portões nos limites do lote dá espaço a duas pequenas praças públicas que evidenciam os acessos aos dois programas do instituto: pela esquina da Rua Manoelita de Barros Cobra Oliveira temos acesso à Clínica de Especialidades Médicas, enquanto pela esquina da Rua Maria Beraldo temos acesso ao SUS (Sistema Único de Saúde). Uma nova identidade visual se estabelece em todo o volume do edifício onde cada um desses programas se encontra, bem como os novos volumes de acesso que, iguais em deu desenho, diferenciam-se pelas respectivas cores verde e roxa. Assim, sobre esse volume abstrato, a inserção do novo elemento de fachada que veste o edifício como uma pele, permite maior conforto térmico em seu interior ao filtrar a radiação solar e cria uma expressão singular, assumindo diferentes aspectos conforme a variação de luz. Na sua maior fachada, a da Rua Paulo Henrique de Oliveira, o volume estabelecido adota uma inclinação que se opõe à morfologia predominante no bairro, ampliando a perspectiva, bem como a quantidade de luz e céu em ruas tão exíguas para as alturas permitidas.

Ao que se refere à sua tecnologia, buscamos essencialmente realizar o máximo com o mínimo de recursos materiais e financeiros. Uma construção que se define pela economia de um sistema construtivo leve, industrial, pautado pelas noções rigorosas de montagem, modulações, séries e peças, sendo todas de dimensões cotidianas e compactas, mas que, por meio de um desenho articulado, continuam permitindo uma expressão e uma presença arquitetônicas igualmente relevantes.

Por fim, a dimensão lúdica do equipamento se consolida por meio dos tubos sonoros propostos nas praças desse ambiente urbano desejado onde, a quantidade significativa de crianças que acessam a instituição, bem como as da vizinhança, possam se entreter de modo delicado com a vocação do que ali se abriga.


Local: Pouso Alegre, MG
Ano: 2020
Ano Construção: 2020-2022
Área do Terreno: 598m²
Área Construída: 198m² + 780m² (fachadas)

Autor:
Daniel Corsi

Colaboradores:
Maria Beatriz Indolfo, Gabriela Lammana Soares, Ana Luiza de Mello, Gustavo Costa Dias, Giovanna Custódio, Christian Salmeron, Lucas Dalcim

Maquete:
Ana Luiza de Mello

Fotos:
Guilherme Pucci (3 a 36)


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