Uma casa, antes de tudo, é um abrigo a nos acolher do insólito do mundo. Porém, consagra-se um lar sensível e humano somente quando habitada pelas vidas do lugar e de seus moradores. Conhecendo os valores dados por estes à natureza e à hospitalidade, aqui isso se faz unindo arquitetura e paisagem, família e amizade. Sua arquitetura, como num éden, transita do estado construído para o natural, do exterior para o interior. Do vasto jardim frontal contemplamos sua monumentalidade horizontal de austero concreto sobre a qual paira a cobertura leve de cobre e madeira; e no sendeiro aberto, somos chamados pelo som da fonte que corre até o claustro oval de céu e água. Então, dualidades dialogam: o rigor geométrico das linhas retas externas configura sua presença inviolável, a liberdade das formas floresce em linhas sinuosas internas que dançam com a natureza, as aberturas externas esculpem fendas que unem dentro e fora, as superfícies internas imperam uma transparência de limites que se esvaecem. Suas alas (social, íntima e hóspedes) ordenam um continuum espacial que irradia de seu centro simbólico sagrado – a lareira – e nos prepara para que, resguardados em seu mundo, possamos nos entregar à uma relação voluptuosa com a natureza. Assim, acomodada na topografia intocada, a casa nasce para contemplar a exuberante mata existente, transitando desde a clareira do pátio central, do terraço da cobertura e da piscina – uma lagoa suspensa a se lançar para um banho acolhido pela abóbada de sol ou luar.